segunda-feira, 30 de julho de 2007

JIPEIRISMO E CULTURA - nº 002/07

Jipeiros exploram a primeira estrada da história do Rio Grande do Norte

A exemplo do patrimônio artístico e histórico do Rio Grande do Norte, o acervo de informações a respeito de trilhas para atividades 4x4 no território desta unidade federativa experimentou um grande acréscimo com a realização da expedição que jipeiros e arqueólogos conterrâneos realizaram anteontem na região do litoral a sul de Natal marcada pela praia de Malembar e pela lagoa de Guaraíras, no município de Georgino Avelino.

Para começo de conversa, segundo o presidente da Sociedade Norte-rio-grandense de Arqueologia e Meio Ambiente (Sonarq), historiador, arqueólogo e antropólogo Walner Barros Spencer, durante bom tempo da experiência deste sábado os jipeiros e os pesquisadores acadêmicos com os quais estes compartilharam o espaço de seus veículos trafegaram ao longo da mais antiga estrada que já existiu no território potiguar.

Trata-se de um trecho de terra que vai da beira mar nas imediações do espaço de Malembar em que balsas demandam à cidade de Tibau do Sul até à vila de Campo de Santana, em Nísia Floresta, margeando a lagoa de Guaraíras, que até o início do século passado foi a maior reserva natural de água doce de todo o Rio Grande do Norte.

O caminho precisa ser muito bem avaliado do ponto de vista da história potiguar e também de suas qualidades enquanto desafio para praticantes de atividades fora de estrada.

APOGEU E QUEDA

Do ponto de vista da história, é certo que desde o início da colonização portuguesa e até que ocorresse o rompimento de um isto que ligava Tibau a Malembar, nos anos vinte do século passado, todas pessoas e mercadorias que circulavam entre Recife e Natal passavam por ali, fortalecendo o trecho entre a praia e a vila de Campo de Santana, hoje pertencente ao município de Nísia Floresta, num espaço em franco desenvolvimento, mercê dos padrões da época.

“Tudo indica que estamos numa área que foi riquíssima graças ao tráfego e aos negócios que ele ensejava”, disse Spencer, num dos sítios arqueológicos que o grupo visitou, no cimo de um morro que lhe permitia ver a menos de um quilômetro a cidade de Georgino Avelino e uma edificação isolada que identificou como antiga sede da Companhia de Jesus, a organização dos jesuítas, que exerceu muita influência na consolidação do domínio português sobre esta parte do Nordeste brasileiro.

Ainda segundo Spencer, a destruição do istmo passou a exigir que as viagens ao longo da região mudassem de rota, desviando-se de Tibau rumo a São José de Mipibu por Georgino Avelino ou Goianinha.

“Com o fim da estrada entre Malembar e Campo de Santana, esta região sofreu um golpe econômico e cultural terrível e passou a definhar enquanto ajuntamento populacional”, explicou, enquanto orientava os jipeiros acerca dos sucessivos espaços do caminho que percorriam.

CIRCULAR

Quanto ao valor do trecho para atividades fora de estrada, o trecho entre Malembar e Campo de Santana pode ser avaliado por duas informações. Em primeiro lugar, os jipeiros que fizeram o desbravamento da área nos tempos modernos, sócios do Natal Land Club que estiveram por lá há poucos meses, sob a liderança do presidente da entidade, engenheiro aeronáutico Levy Pereira, o elegeram para cenário de um grande evento em fase de gestação a ser realizado em setembro ou outubro com o patrocínio da Land Rover, a montadora dos veículos de sua preferência.

Em segundo lugar, os jipeiros desvinculados do Natal Land Clube que participaram da expedição deste sábado se entusiasmaram tanto com o que percorreram que quiseram esticar ao máximo a permanência em trilha para explorar sempre mais o que aparecia à sua frente. Embora o sol já tivesse desaparecido quando o comboio chegou a uma área de charco, queriam avançar em meio ao desconhecido e chegaram a ensaiar, mas a lama que enfrentaram ao longo de poucos metros recomendou que adiassem o desbravamento para um dia em que pudessem chegar ali cedo e explorar bem o solo.

Consultado a respeito, Levy, que conhece o trecho não utilizado anteontem, recomendou o retorno ao litoral, vez que o charco só deve ser enfrentado à luz do sol, mesmo por quem já conhece a área. Acatando sua orientação, os outros jipeiros retornaram pensando em voltar ao local nos próximos para completarem a missão.

CAMINHO DAS BALSAS

O terceiro ponto a enaltecer no trecho reside exatamente na parte ainda desconhecida pelos jipeiros que estiveram entre Malembar e Campo de Santana neste sábado. Se conseguirem completar o circuito e recomendá-lo a outros “off roaders”, eles estarão finalmente usufruindo de um trajeto sonhado há muitos anos por muitos jipeiros natalenses. Trata-se de pessoas que sempre quiseram criar um acesso a Malembar que não implicasse no emprego de todo o asfalto que vai de Tabatinga até poucos quilômetros da travessia em balsa.

O caminho entre campo de Santana e as balsas deverá reduzir fabulosamente o tempo que os veículos levam à beira mar entre o asfalto e a parte de Malembar mais próxima de Tibau. Se isto virá ou não a ser uma conquista para outros usuários das balsas, ainda não se sabe. No mínimo, porém, ao completar a viagem entre Malembar e Campo de Santana margeando a lagoa de Guaraíras os jipeiros terão criado um trajeto circular de trilha de que deverão tirar muito proveito daqui em diante.

Resta irem concluir a tarefa deste sábado.



FONTE:


JORNAL DOS JIPEIROS (via e-mail)


Edição N° 502/2007 (*)

Natal, segunda-feira, 30 de julho de 2007,

Jornalista Responsável: Roberto Guedes (RG151-DRT/RN).

JIPEIRISMO E CULTURA - nº 001/07

Sucesso marca 1ª missão conjunta de arqueólogo e “off roader” natalenses

Revestiu-se do mais completo sucesso a primeira missão conjunta que jipeiros e arqueólogos natalenses fizeram juntos num esforço visando o desenvolvimento de um projeto muito mais abrangente, que tende a viabilizar várias expedições rumo a muitos cenários do território potiguar, na tentativa de identificar, mapear e ajudar a proteger sítios históricos e pré-históricos eventualmente ameaçados de destruição pela força do homem moderno.

Comboio formado por menos de dez veículos, a grande maioria jipes Land Rover Defender, atuou durante várias horas nas regiões polarizadas pela praia de Malembar e pela lagoa de Guaraíras, a sul de Natal, trazendo na volta muitas informações que, depois de processadas à luz da ciência, poderão proporcionar acréscimos dignos de destaque ao patrimônio cultural e histórico do Rio Grande do Norte. Para o acervo do jipeirismo, já lega a existência da “Trilha de Malembar”, que precisa ser experimentada por muitos “off roaders”.

DOIS LÍDERES

Motivada por um esforço proposto e vetorizado pela Trilhamiga, em função de necessidade demonstrada pela Sociedade Norte-rio-grandense de Arqueologia e Meio Ambiente (Sonarq), a viagem de ontem foi liderada a quatro mãos pelos presidentes desta entidade, historiador, arqueólogo e antropólogo Walner Barros Spencer, e do Natal Land Clube, engenheiro aeronáutico Levy Pereira.

Contando com a participação de vários jipeiros e arqueólogos, a caravana percorreu vários caminhos de trilha e visitou alguns sítios nos quais integrantes dos dois grupos esperavam encontrar objetos que permitissem avaliar sua importância para a historiografia potiguar e nacional.

OBSERVATÓRIO

Um dos cenários havia sido identificado recentemente por Levy e outros sócios do Natal Land Club enquanto realizavam uma missão de reconhecimento. Nele, os caravaneiros de anteontem constataram haver chegado a lugar com alguma importância, um alto de morro em que presumivelmente funcionou algum tipo de observatório, não se sabe ainda de quem e de que natureza, se mercantil ou militar.

Segundo Spencer, a poucos metros deste espaço havia uma grande unidade de jesuítas. Além disto, ocorreu-lhe que o promontório estaria à margem do que teria sido uma estrada por onde houve muita circulação de pessoas e mercadorias entre as cidades de Recife e de Natal, no início da colonização portuguesa e ao longo de presenças de outros europeus no Rio Grande do Norte.

No outro cenário, os expedicionários encontraram vários objetivos que garantem a presença na área de índios que existiam no litoral do Rio Grande do Norte muito antes do início da presença européia no Brasil. Eles encontraram no local três objetos que os arqueólogos atestaram ter valor histórico – seriam um batedor e dois machados de pedra semelhantes aos que eram utilizados pelos indígenas do início da colonização portuguesa.

Todas as informações levantadas na expedição deverão ser reduzidas a termo em relatório técnico a ser elaborado pela equipe da Sonarq. Segundo Spencer, não há uma data prefixada para a liberação deste documento.



FONTE:


JORNAL DOS JIPEIROS (via e-mail)


Edição N° 502/2007 (*)

Natal, segunda-feira, 30 de julho de 2007,

Jornalista Responsável: Roberto Guedes (RG151-DRT/RN).